2005-12-14

Conheço o sal, Jorge de Sena

Conheço o sal da tua pele seca Depois que o estio se volveu inverno De carne repousada em suor nocturno. Conheço o sal do leite que bebemos Quando das bocas se estreitavam lábios E o coração no sexo palpitava. Conheço o sal dos teus cabelos negros Os louros ou cinzentos que se enrolam Neste dormir de brilhos azulados. Conheço o sal que resta em minhas mãos Como nas praias o perfume fica Quando a maré desceu e se retrai. Conheço o sal da tua boca, o sal Da tua língua, o sal de teus mamilos, E o da cintura se encurvando de ancas. A todo o sal conheço que é só teu, Ou é de mim em ti, ou é de ti em mim, Um cristalino pó de amantes enlaçados.

1 comentários:

Blogger wind disse...

Gosto muito deste poema. Sensual e de amor.

12/14/2005 02:04:00 da tarde  

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