Em diálogo com Lembra-te de mim...

.

Entrei numa casa fria De portadas entreabertas (Estavas à espera que estivesse quente? Até nevou em todo o país a semana passada. Devias fechar mas é as janelas e pronto!) Espretei a ver se te via (a mim? Numa casa gelada? Nem pensar! Quando puseres aquecimento centralizado em casa, depois falamos...) As ruas estavam desertas (Se estavam desertas, devia ser quase madrugada! Para a próxima vem mais cedo) Os amores já terminados São ausência, fazem mal (se já terminaram não devias viver no passado!) Não me esqueço do recado (Qual recado? Não me lembro de nada...) Nem de um gesto ocasional Ao notares que estou mais velho Passa por mim devagar

(Porquê? Se eu for depressa a corrente de ar, pode desfazer-te?) Quando / e se te olhares a um espelho Também tu irás notar (Vou notar o quê? Que tenho de andar devagar? Eu já estou cota e continuo a saltitar de nenúfar em nenúfar por aí...) Lembra-te de mim... (Se pedires com jeitinho, talvez lembre.)

Os rostos p´ra quem os viu Já não são como dantes

(Também aderiste à moda das plásticas e do botox, foi?) Percorro as margens de um rio Há já séculos, há instantes

(Fuago! Afinal és mesmo cota! Já centenário... Para a próxima, juro que vou ter contigo em bicos de pés!) Vivo de vagas memórias Onde te espero encontrar

(Se são vagas vais ter que te esforçar muito, devo ter-te cá causado um efeito... como que de absorção ao contrário...) São derrotas, são vitórias

(De que guerra falas tu? Da 1ª ou da 2ª guerra mundial, tendo em conta a idade e tal...?) Quero agora descansar...

(À vontade, pá, dorme bem então.)

Pronto, o João Pedro Pais que não leve a mal que eu até gosto dele como pessoa mas não sei porquê sempre que ouço canções dele apetece-me aparvalhar...