2005-03-29

morte

Desde que começaram as férias, que já se falou 2 vezes em morte nesta casa. Na 5ª feira passada, o meu filhote acordou em lágrimas porque sonhou que eu tinha morrido e depois que o avô tinha morrido. Ontem, perguntou-me se o avô ia morrer, pois não quer verbalizar a minha morte ou a do pai. Respondi-lhe que sim, que todos temos de morrer um dia e que o natural é que os avós morram primeiro que os pais e depois só os netos. Muito excepcionalmente é que pais sobrevivem a filhos... Prometi-lhe que não ia morrer já, que ia ficar muito velhinha, que teria de me empurrar na cadeira de rodas e ele sorriu. Quando era adolescente, não tinha medo da morte. Metia-me em coisas perigosas, guiava excessivamente rápido. Talvez não desse valor à minha própria vida. Só sosseguei depois do Mário nascer. Agora sim, tenho medo de morrer. Quero viver muitos anos, pelo menos, os necessários para educar e acarinhar o meu filho até ele se tornar independente de mim. De morte em morte, lembrei-me da Xaninha. A menina predilecta do meu coração que partiu aos 13 anos deste mundo. Dizem que o seu coraçãozinho frágil se apagou durante a noite. Espero que sim, que não tenha cedido à tentação de seguir as pegadas da família, quando ainda pequenita foi comprar veneno de ratos a pedido da mãe, que depois viu agonizar, e da irmã mais velha que também tentou inúmeras vezes o suicídio... Ainda não me perdoei de não lhe ter dado mais apoio, por isso, em sua memória, tenho dado apoio a todos os meninos infelizes que passam na minha vida para compensar o quanto pequei por omissão... Ainda penso muito em ti, Xaninha, algum dia serei perdoada...?

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