2005-03-01

Soneto da Fidelidade, Vinicius de Moraes

A persistência da memória, de Salvador Dali De tudo, ao meu amor serei atento. Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento. E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama Eu possa dizer do amor (que tive) Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure. Cada vez acredito mais que o amor é infinito enquanto dura. É como se as pessoas já não conseguissem manter laços. As relações são cada vez mais frágeis. Aquela frase de se estar juntos na vida e na doença, nas alegrias e na adversidade está a ficar obsoleta e é pena... Contudo, mais vale viver um grande amor, mesmo que temporário, que ficar resguardado das próprias emoções...

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