2005-06-03

Carta a um amigo triste

Tenho pensado em ti, na tua tristeza. Para algumas pessoas, pode parecer banal acontecer um desgosto de amor durante a nossa vida. Todos nós já passámos por isso, em maior ou menor grau. Contudo, todos sentem de forma diferente e tu tens andado muito triste, mesmo se não parece. A verdade é que, quando o amor acaba, não há vencedores. Muito ou quase tudo se perde: afectos desfeitos, ilusões quebradas, companhias que desaparecem, uma história comum que se esfuma, memórias que se desfazem, palavras e vivências que deixam de fazer sentido. É difícil superar-se a rejeição e o abandono, mas o que custa mais é lidar com a perda. É preciso então fazer uma terapia do esquecimento que se torna ainda mais difícil quando os laços não se desfazem completamente, no caso de haver crianças que unem o desunido. É preciso dar umas férias ao coração, deixá-lo viajar por outras terras de amizade e por outros afectos. Depois, é esperar que ele volte mais fortalecido... E há-de haver um dia em que acordamos e já não dói, o vazio já está a ser preenchido e começamos de novo a viver, confiantes no futuro. Às vezes, esse dia custa a chegar. Às vezes, mesmo superando o desgosto, há mágoas que ficam para sempre cravadas na memória como picos que não matam mas moem. Gostaria de te dizer que esse dia está próximo e que amanhã te sentirás menos só, menos ansioso e mais feliz. Gostaria de passar a mão nesse olhar triste e apagar essas mágoas que ainda te fazem sofrer para poderes voltar a dormir. Gostaria de poder ajudar-te, por isso, escrevo-te esta carta, para saberes que não estás completamente abandonado, tens-me a mim e à minha amorizade. Um abraço apertadinho jacky

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