Ela sempre quisera ser ar para poder pairar sobre o mundo, apenas como alma, mas nascera fogo, totalmente dada a paixões. Contudo, não era uma pessoa quente, pois facilmente se enchia de frio. Adorava tardes escaldantes de Verão. Suportava facilmente altas temperaturas e só caía na cama quando o termómetro marcava 40ºC em diante. Podia dizer-se que era como um vulcão. Em geral, estava calma e serena, mas havia um dia em que entrava em ebulição e aí não havia nem ar nem água que lhe valessem.
Até então, nenhum homem a havia feito entrar em erupção, menos um, naquela noite escaldante de Verão. Esse tinha um enorme poder erótico sobre ela. Quando ela pensava que ele não lhe causaria qualquer efeito, perdia-se com aquela voz que a fazia fantasiar como nunca. Ouvi-lo falar de tudo e de nada, ouvi-lo ler textos seus e poesias era o melhor afrodisíaco para a sugestionar e a querer tornar-se apenas corpo. Aquele homem fazia despertar o seu lado Lara Croft e estava disposta a fazer loucuras só para poder desatear a chama do desejo.
Encontraram-se já tarde, porque ambos eram tecidos de noite. Tentaram falar mas o ar estava simplesmente tórrido, irrespirável. Os pensamentos queimavam-se antes de se transformarem em palavras. Agarram-se repentinamente. Despiram-se depressa entre beijos sôfregos e sorrisos nervosos. O desejo tornara-se tão imperioso que quase era doloroso. Entrou nela como um furacão, pronto a arrebatar a lava dum vulcão. Amaram-se fogosamente, fazendo chiar a cama quase até à exaustão. Agarrados um ao outro, arrebataram-se mutuamente de uma forma brutal e inesperada. E assim permaneceram durante a noite.
De manhã, já ele partira, levantou-se da cama para que a água do chuveiro resgatasse as cinzas de si mesma. Sabia que não voltaria a vê-lo...