2005-09-30

Modos de Amar, Maria Teresa Horta

Rabi Khan Modo de amar – I Lambe-me as seios desmancha-me a loucura usa-me as coxas devasta-me o umbigo abre-me as pernas põe-nas nos teus ombros e lentamente faz o que te digo: Modo de amar – II Por-me-ás de borco, assim inclinada... a nuca a descoberto, o corpo em movimento... a testa a tocar a almofada, que os cabelos afloram, tempo a tempo... Por-me-ás de borco; Digo: ajoelhada... as pernas longas firmadas no lençol... e não há nada, meu amor, já nada, que não façamos como quem consome... (Por-me-ás de borco, assim inclinada... os meus seios pendentes nas tuas mãos fechadas.) Modo de amar – III É bom nadar assim em cima do teu corpo enquanto tu mergulhas já dentro do meu Ambos piscinas que a nado atravessamos de costas tu meu amor de bruços eu Modo de amar – IV Encostada de costas ao teu peito em leque as pernas abertas o ventre inclinado ambos de pé formando lentos gestos as sombras brandas tombadas no soalho Modo de amar – V Docemente amor ainda docemente o tacto é pouco e curvo sob os lábios e se um anel no corpo é saliente digamos que é da pedra em que se rasga Opala enorme e morna tão fremente dália suposta sob o calor da carne lábios cedidos de pétalas dormentes Louca ametista com odores de tarde Avidamente amor com desespero e calma as mãos subindo pela cintura dada aos dedos puros numa aridez de praia que a curvam loucos até ao chão da sala Ferozmente amor com torpidez e raiva as ancas descendo como cabras tão estreitas e duras que desarmam a tepidez das minhas que se abrem E logo os ombros descaem e os cabelos desfalecem as coxas que retomam das tuas o pecado e o vencê-lo em cada movimento em que se domam Suavemente amor agora velozmente os rins suspensos os pulsos e as espáduas o ventre erecto enquanto vai crescendo planta viva entre as minhas nádegas Modo de amar – VI Inclina os ombros e deixa que as minhas mãos avancem na branda madeira Na densa madeixa do teu ventre Deixa que te entreabra as pernas docemente Modo de amar – VII Secreto o nó na curva do meu espasmo E o cume mais claro dos joelhos que desdobrados jorram dos espelhos ou dos teus ombros os meus: flancos na luz de maio Modo de amar – VIII Que macias as pernas na penumbra e as ancas subidas nos dedos que as desviam Entreabro devagar a fenda – o fundo a febre dos meus lábios e a tua língua Vagarosa: toma – morde lambe essa humidade esguia Modo de amar – IX Enlaçam as pernas as pernas e as ancas o ar estagnado que se estende no quarto As pernas que se deitam ao comprido sob as pernas E sobre as pernas vencem o gemido Flor nascida no vagar do quarto Modo de amar – X A praia da memória a sulcos feita a partir da cintura: a boca os ombros na tua mansa língua que caminha a abrir-me devagar a pouco e pouco Globo onde a sede se eterniza Piscina onde o tempo se desmancha a anca repousada que inclinas as pernas retezadas que levantas E logo são os dentes que limitam mas logo estão os labios que adormentam no quente retomar de uma saliva que me penetra em vácuo até ao ventre o vínculo do vento a vastidão do tempo o vício dos dedos no cabelo E o rigor dos corpos que já esquece na mais lenta maneira de vencê-los Modo de amar – XI ((Teu) Baixo ventre) Nunca adormece a boca no teu peito a minha boca no teu baixo ventre a beber devagar o que é desfeito Modo de amar – XII (Os testículos) Tenho nas mãos teus testículos e a boca já tão perto que deles te sinto o vício num gosto de vinho aberto Modo de amar – XIII (As pedras – As pernas) São as pedras meus seios São as pernas pele e brandura no interior dos lábios rosa de leite que sobe devagar na doce pedra do muco dos meus lábios São as pedras meus seios São as pernas Pêssegos nus corpo descascados Saliva acesa que a língua vai cedendo o gozo em cima... na pedra dos meus lábios Jogo do corpo a roçar o tempo que já passado só se de memória, a mão dolente como quem masturba entre os joelhos... uma longa história... Estrada ocupada onde se vislumbra (joelhos desviados na almofada ) assim aberta o fim de que desfruta o fruto do odor o fundo todo do corpo já fechado. Modo de amar – XIV (As rosas nos joelhos) São grinaldas de rosas à roda dos joelhos O âmbar dos teus dentes nos sentidos O templo da boca no côncavo do espelho onde o meu corpo espia os teus gemidos É o gomo depois... e em seguida a polpa... o penetrar do dedo... O punho do punhal que na carne enterras docemente como quem adormenta o que é fatal É a urze debaixo e o fogo que acalenta o peixe que desliza no umbigo piscina funda na boca mais sedenta bordada a cuspo na pele do umbigo E se desdigo a febre dos teus olhos logo me entrego à febre do teu ventre que vai vencendo as rosas – os escolhos à roda dos joelhos, docemente. Modo de amar – XV (A boca – A rosa) Entreabre-se a boca na saliva da rosa no raso da fenda na fissura das pernas Entreabre-se a rosa na boca que descerra no topo do corpo a rosa entreaberta E prolonga-se a haste a língua na fissura na boca da rosa na caverna das pernas que aí se entre-curva se afunda se perde se entreabre a rosa entre a boca das pétalas in Poesia Erótica Sei que este post ficou enorme mas penso que se devem ler todos juntos. Espero que gostem assim! :)

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