2006-01-11

Considerandos sobre o amor XXI

Paixões insuperáveis
Na minha opinião, não há paixões insuperáveis. A paixão, quando surge, é sempre avassaladora e malvadamente monopolizadora. Há um flash que nos cega repentinamente e faz-se luz: entrou a paixão na nossa alma e tudo o resto deixa de ter sentido. Vivemos dias de intensa euforia ou de grande angústia da perda. Damo-nos conta que não conseguimos viver sem essa paixão e que todo o nosso mundo gira à sua volta. Enquanto que a paixão é correspondida, beleza e fascínio ditam todo o nosso tempo. Nada pode interromper esse ciclo de felicidade. Mas há um dia em que a paixão do outro lado acaba e surge com o fim do júbilo, a mais dolorosa agonia. Sentimos que tudo se desmoronou à nossa volta. Um ser que se nega e o mundo inteiro deixa de ter sentido. Instala-se um vazio mais profundo que as fossas marítimas quando, por dentro, o vulcão continua aceso. Não é fácil superar uma paixão. É preciso dar muito tempo ao tempo para que todas as feridas tratadas e relambidas possam cicatrizar. É preciso conseguir preencher o vazio de nós e ganhar forças suficientes para conseguirmos abrir o coração de novo. Na verdade, não há paixões insuperáveis. O que há é um grande medo de voltar a viver, de voltar a ser vulnerável e de dar uma nova oportunidade, a alguém imperfeito como nós e que poderá voltar a magoar-nos. É muito mais fácil colocar uma paixão no altar da nossa memória, idolatrá-la perpetuamente do que a enterrar no passado e voltar-se para o mundo de coração aberto...

7 comentários:

Anonymous Anónimo disse...

A paixão nunca morre.
Sabias?
Fingimos somente.
Passamos para outro estado.
Quase num inconsciente
Mas no primeira ocasião,
ei-la de novo.
De repente!

1/11/2006 09:34:00 da manhã  
Blogger wind disse...

Tens razão no que escreveste. A paixão é isso tudo, só depois vem o amor, se se ultrapassarem e aceitarem as diferenças quando acaba a euforia da paixão.

1/11/2006 09:59:00 da manhã  
Blogger Atlantys disse...

E não há, mesmo! Umas deixam mais marcas do que outras mas nenhuma é insuperável :)

1/11/2006 10:06:00 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

E o coração que se reabre não mostra feridas incuráveis?

1/11/2006 11:57:00 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

"O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem.
Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e
pessoas incomparáveis".

Fernando Pessoa

O tempo cura, as feridas cicatrizam. Mas se foi algo bom, para quê enterrar no passado como algo para esquecer. Quando se pode guardar nas boas recordações e assim ao invés de se lamentar o que se perdeu, ficar simplesmente contente por ter acontecido, afinal e por muito dolorosa que tenha sido a separação, as coisas boas existiram. Talvez com a esperança de que o que vier no futuro seja ainda melhor e quem sabe mais duradouro.

1/11/2006 01:05:00 da tarde  
Blogger Maria Arvore disse...

Nenhuma paixão é insuperável, sim. Parece-me aliás essa uma regra de sobrevivência básica que para a frente é que é caminho e de coração aberto novas coisas boas podem acontecer.

Porém, julgo que há excepções que confirmam esta regra. Há paixões que são como a raposa e as uvas do La Fontaine: ficaram lá atrás porque estão verdes, não prestam mas... se cair uma parra voltamos logo para lá o olhar. ;)

1/11/2006 10:28:00 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

ñ sei se há paixões insuperáveis, mas, tens razão, ñ é fácil superar uma paixão e mt menos resistir-lhe se volta a surgir a oportunidade...

1/11/2006 11:42:00 da tarde  

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