Considerandos sobre o amor XXI
Paixões insuperáveis
Na minha opinião, não há paixões insuperáveis.
A paixão, quando surge, é sempre avassaladora e malvadamente monopolizadora. Há um flash que nos cega repentinamente e faz-se luz: entrou a paixão na nossa alma e tudo o resto deixa de ter sentido.
Vivemos dias de intensa euforia ou de grande angústia da perda. Damo-nos conta que não conseguimos viver sem essa paixão e que todo o nosso mundo gira à sua volta.
Enquanto que a paixão é correspondida, beleza e fascínio ditam todo o nosso tempo. Nada pode interromper esse ciclo de felicidade.
Mas há um dia em que a paixão do outro lado acaba e surge com o fim do júbilo, a mais dolorosa agonia. Sentimos que tudo se desmoronou à nossa volta. Um ser que se nega e o mundo inteiro deixa de ter sentido. Instala-se um vazio mais profundo que as fossas marítimas quando, por dentro, o vulcão continua aceso.
Não é fácil superar uma paixão. É preciso dar muito tempo ao tempo para que todas as feridas tratadas e relambidas possam cicatrizar. É preciso conseguir preencher o vazio de nós e ganhar forças suficientes para conseguirmos abrir o coração de novo.
Na verdade, não há paixões insuperáveis. O que há é um grande medo de voltar a viver, de voltar a ser vulnerável e de dar uma nova oportunidade, a alguém imperfeito como nós e que poderá voltar a magoar-nos.
É muito mais fácil colocar uma paixão no altar da nossa memória, idolatrá-la perpetuamente do que a enterrar no passado e voltar-se para o mundo de coração aberto...
7 comentários:
A paixão nunca morre.
Sabias?
Fingimos somente.
Passamos para outro estado.
Quase num inconsciente
Mas no primeira ocasião,
ei-la de novo.
De repente!
Tens razão no que escreveste. A paixão é isso tudo, só depois vem o amor, se se ultrapassarem e aceitarem as diferenças quando acaba a euforia da paixão.
E não há, mesmo! Umas deixam mais marcas do que outras mas nenhuma é insuperável :)
E o coração que se reabre não mostra feridas incuráveis?
"O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem.
Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e
pessoas incomparáveis".
Fernando Pessoa
O tempo cura, as feridas cicatrizam. Mas se foi algo bom, para quê enterrar no passado como algo para esquecer. Quando se pode guardar nas boas recordações e assim ao invés de se lamentar o que se perdeu, ficar simplesmente contente por ter acontecido, afinal e por muito dolorosa que tenha sido a separação, as coisas boas existiram. Talvez com a esperança de que o que vier no futuro seja ainda melhor e quem sabe mais duradouro.
Nenhuma paixão é insuperável, sim. Parece-me aliás essa uma regra de sobrevivência básica que para a frente é que é caminho e de coração aberto novas coisas boas podem acontecer.
Porém, julgo que há excepções que confirmam esta regra. Há paixões que são como a raposa e as uvas do La Fontaine: ficaram lá atrás porque estão verdes, não prestam mas... se cair uma parra voltamos logo para lá o olhar. ;)
ñ sei se há paixões insuperáveis, mas, tens razão, ñ é fácil superar uma paixão e mt menos resistir-lhe se volta a surgir a oportunidade...
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