As Palavras
As palavras
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
Eugénio de Andrade
Como são as palavras?
Algumas são ensossas e outras têm um sabor salgado.
Certas palavras são escassas.
Outras embebedam.
Há palavras sujas e palavras limpas na alma.
Algumas palavras misturam-se, outras são orgulhosas.
Há palavras que criam laços.
Outras desfazem afectos.
Algumas palavras são inconscientes e internas.
Outras, simplesmente públicas.
Certas palavras são inúteis e vãs.
Outras recheadas de sentidos.
E para ti, como são as palavras?
Como as sentes?
A que sabem?
Consegues vê-las ou tocá-las?
Ou simplesmente fazem parte de ti?
4 comentários:
Preeciso de palavras, mas também sei que é preciso muito cuidado ao usá-las, porque pode dar azo a más interpretações.
Como neste momento e já desde o inicio do ano tenho tido cuidado com as palavras e ouço melhor todas as que me dirigem e saboreio ou não o seu sentido sncero...preciso de palavras de alento, sim, de amizade e carinho, às vezes o espelho só reflecte o rosto e não as palavras quando se está sozinha...Bjs :-)
Não nos damos lá muito bem, as palavras e eu... Por vezes saem depressa demais, ainda mal foram cogitadas e já estão a sair, de rompante, sem tempo para pesar bem qual o efeito que elas podem ter no meu interlocutor. Outras, aglutinam-se cá dentro, e com tanta atabalhoação acaba por não sair nada, ou quando saiem, o que sai e o que eu queria realmente dizer, são por vezes coisas bem diferentes. Claro que nem sempre é assim, nem tudo o quero dizer fica por dizer e nem tudo o que digo sai disparado como uma bala sem medir a consequências, mas aquelas que me são mais próximas do coração e no fundo as mais importantes, são aquelas que se perdem, no meio de tantas outras e acabam por muitas vezes não sair.
Deixem-nas fluir simplesmente!
Beijinhos
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