A descoberto
Estava tudo (aparentemente) bem.
De repente, abate-se a tempestade sobre a nossa casa e ela cai. Ficamos a descoberto, sem janelas por fechar, nem paredes que nos protejam do exterior. As gotas que caem do céu misturam-se com as lágrimas da nossa desolação. Os ventos do Norte enregelam uma alma que já habitava em pleno Inverno. Pedrinhas de saraiva (granizo para o pessoal do Sul ;)) martelam-nos a cabeça nas vozes daqueles que só sabem dizer: - Eu avisei-te!
Uma casa caída demora a reerguer-se. Todos os dias, coloca-se um tijolo. Demora dias e dias, meses, às vezes, até anos. A casa já tinha brechas mas não tínhamos reparado. É preciso reconstruir, não do nada (isso é apanágio das casas novas); mas sim, por cima do velho, modificando o que estava errado, demorando o que for preciso para adaptar a experiência à crise.
Enquanto a casa vai crescendo, chega a Primavera. Ficamos deitados nas noites amenas, de barriga para cima, inventando histórias inspiradas sobre as formas das nuvens. Já há partes da casa com telhado provisório. Tijolo a tijolo, telha a telha, a vida vai-se construindo sobre uma nova realidade, um desejo novo de tranquilidade, sem brechas nem janelas fechadas.
Um dia, a casa estará pronta com a ajuda de quem esteve por perto, com a alegria própria do Verão com a porta ora aberta ora fechada. Não será jamais uma casa definitiva. Aprendemos a lição: eterno só mesmo o tempo...
Para a A. que ainda está na fase das pedrinhas de saraiva e para todos aqueles que estão agora a reconstruir as suas casas, com um abraço de amorizade da Jacky!
5 comentários:
Há sempre mais alguma coisa para fazer em casa.
Bonito texto e muitas felicidades para A.
e um grande beijo para ti ;)
de cd x q aqui venho, encontro uma casa diferente!!! =)
Bonito texto para dar força a uma amiga:)
Obrigada Alegrão, Eco e Wind :)
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