À beira-rio
Imagem de Burt Miller
Um rio acordou a madrugada
que no meu peito andava há muito presa,
e num caudal de assombro e de braveza
arrebatou-me a alma enlameada.
Um rio transbordou a barricada
que me tornava forte na fraqueza,
desorientou as leis da Natureza
e eu deixei de ser água parada.
Agrilhoei-me à força dessas águas
que souberam lavar-me antigas mágoas
e acalentar-me enfim o corpo frio...
Mas é nessa corrente que me solto.
Sou, desde que te bebo, mar revolto,
e tu, que me sacias, o meu rio.
26 de Outubro de 2004
Em primeira mão, para este blogue, um soneto do Fernando Gomes dos Santos. Obrigada!
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