Desejo VII
Ele era como um catavento. Tinha os pés bem assentes no seu tecto, mas o que mais apreciava, era andar ao sabor dos ventos. Rodopiava sobre si mesmo, farejava todas as mudanças e partia em busca de renovadas aventuras.
Era um sedutor nato. Amava as mulheres. Nenhuma lhe era indiferente. Não que fosse promíscuo, contudo, não havia nenhuma mulher que o completasse. Em cada uma, encontrava algo a desejar: um olhar provocante, uma boca carnuda, uma cor de pele macia, um divertimento atrevido, umas unhas cuidadas, umas curvas apetitosas, um cabelo arranjado ou um cabelo selvagem, umas palavras amorosas. Coleccionava fotografias de todas elas: as reais e as inacessíveis, as encantadoras e as indiferentes, as musas e as tímidas.
Os cataventos não se prendem, giram sempre sem parar. Porém, há um dia, em que um vendaval há-de chegar, de repente, e atirar o catavento para a terra ou talvez não. Há cataventos que nunca se deixam «desentectar»...
(28.04.2005)
3 comentários:
Os cataventos só deixam de se-lo quando descobrem o vento pelo qual ansiavam. Aí desentectam-se e ganham as asas do sonho...
Até ao dia em que faz menos vento;)
Gostei do teu final Charlie :)
Ou isso, wind! ;)
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