Despedida
Roman Loranc
Ele era frio e desligado, pelo menos, era o que parecia. Dizia dele mesmo que não gostava de se prender. Todos os seus dias acordavam melancólicos e, assim permaneciam, mesmo quando o nevoeiro se dissipava.
Seguia o seu caminho, olhar no horizonte. Raramente, olhava para trás. Por vezes, arranjava companhia e ficava feliz, mesmo se nunca o demonstrava. Algumas pessoas persistiam em acompanhá-lo, puxando-o para outras direcções, adversas ao horizonte. Poucas pessoas, que gostavam dele como ele era, caminhavam ao seu lado, fazendo-o reparar nas flores perdidas do caminho.
Quando o cruzamento trazia a separação, partia bruscamente porque assim tinha de ser. Como poderia ele quebrar a continuidade com rupturas e interrupções? Afastamento era ferida. Certos nós que o ligavam a afectos não podiam ser desatados. A não despedida era apenas uma forma de nunca ter de esticar a corda e de não perder o nó...
jacky (11.05.2005)
4 comentários:
É isso mesmo, a última frase "diz" tudo. Identifico-me muito com ela.
Adorei... Comovente
faz lembrar a canção do reininho:
homens temporariamente sós!
;)
Wind, acho que cada vez mais pessoas se identificam com essa frase.
Obrigada cientista :)
Albuquerque, esperemos que seja mesmo temporariamente ;)
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