2005-12-01

considerandos sobre o amor XIV

Poder-se-ia comparar uma relação amorosa a uma conta bancária. Às vezes, investimos em alguém e o saldo é positivo. Chega mesmo a dar juros. Outras vezes, depositamos tudo numa pessoa e o saldo é negativo. Poupamos para ver render e o que colhemos são apenas dívidas, que o outro nos deixou no coração, por pagar. A maioria das vezes, a conta flutua. Certos dias, os movimentos são positivos, outros dias negativos. Temos que pedir empréstimo para salvar em conjunto o que vai mal ou então simplesmente ficar no banho-maria da poupança. Quando chegam os dias de crise, as contas ficam congeladas e assim ficam também as relações, mas nem todas. Alguns casais não desistem à primeira dívida e unem esforços para ultrapassar a crise. Nos dias de hoje, em que as pessoas parecem esponjas absorventes de afecto, adere-se ao sobreconsumo e investe-se naquilo que se poderá pagar só daqui a uns meses, aposta-se nos gastos imediatos sem pensar nos juros dos empréstimos que ficarão para o futuro. Nas relações amorosas, não deveria haver cartões de crédito nem de débito. Talvez um simples mealheiro bastasse, um mealheiro onde todos os dias pudéssemos juntar pequenos tostões de afectos que, mais tarde, se revertem-se no totoloto do amor...

3 comentários:

Blogger wind disse...

Post de reflexão e muito real. Também acho que o amor entre as pessoas esmoreceu. Numa relação deve-se "enamorar" todos os dias, senão torna-se rotina, como os juros bancários que todos os meses se têm de pagar.

12/01/2005 06:01:00 da tarde  
Blogger digoeu disse...

se no amor começas com contas, se não pelo espanto da fartura e da riqueza do intocável e invisível, é hora de rocar de nome, pois deixa o abstracto que é e vem cá para baixo para o comezinho das medidas e interesse. Grandes amores, grandes desgostos, grandes ganhos e perdas.Mas c´rédito e débito não entra no meu dicionário dos afectos, que sempre foi tradutor de um estouvado coração,sem calculadora ou connhecimentos de gestão.
A medida de dar é dar sem medida!

12/01/2005 06:24:00 da tarde  
Blogger jacky disse...

Era só uma alegoria ao amor e ao dinheiro. Tanto um como outro podem ser positivos ou negativos, vai apenas depender da nossa forma de estar na vida.

Beijinhos wind e digo eu :)

12/02/2005 02:12:00 da tarde  

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