Patinho feio
Cisnes reflectindo elefantes, Salvador Dali
Ela sempre se achara patinho feio. Era um sentimento generalizado de nunca ser suficientemente boa em coisa alguma: beleza, inteligência, sabedoria, sensualidade, competência, carisma, elegância e empatia.
Tentava passar despercebida a maior parte do tempo para que ninguém notasse as suas falhas. Costumava ficar em casa a estudar, a ler, a ouvir música. Evitava contactos físicos, não fossem descobrir o seu segredo.
Desde pequena, estava habituada a desenrascar-se, a apoiar os outros e a tomar sempre conta de tudo sozinha. Nunca tinha sido mimada. Sempre tinham evidenciado nela o pior com críticas e raramente o melhor com elogios.
Para ela, era inimaginável algum dia, descer a escadaria de um castelo, de vestido de noite cintilante, nem a falar num jantar perante centenas de pessoas importantes. Isso só acontecia em filmes, não na vida real, principalmente na sua própria vida...
Estava convencida que nunca interessaria o suficiente para que alguém a amasse toda uma vida e, talvez por isso, nunca se espantava quando era abandonada ou era rejeitada. Na verdade, certas convicções acabam por condicionar comportamentos e esse complexo de patinho feio estava sempre a atormentá-la...
Talvez um dia, ela entenda o seu verdadeiro valor, que os que parecem muito seguros de si, no fundo, são uns insignificantes patos que por aí andam, mas que acham que são uns verdadeiros cisnes. Talvez um dia ela acredite em si própria, só o futuro o dirá...
(13.05.2005)
2 comentários:
É-me difícil escrever algo neste post. Olha lá fomos escolher sem saber a mesma imagem para posts diferentes.lol
Que giro!!! Essa imagem é a mesma do post original, nao alterei nada :)
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